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Quem tem medo dos nossos panfletos? 

Hoje, 21 de março, ainda nem sequer a manifestação estudantil tinha começado e já os ativistas do Coletivo Marxista estavam a ser assediados por um “serviço de ordem” da manifestação, que nenhuma RGA, nenhum plenário estudantil, elegeu ou mandatou! De acordo com estes elementos, nós não podíamos estar ali a distribuir panfletos sobre a necessidade de Cumprir Abril, derrubando o capitalismo e associando a luta estudantil a esse objetivo mais vasto. Acusaram-nos de divisionismo porque – segundo eles – os organizadores da manifestação tinham determinado que nenhuma força política poderia estar ali presente, atuando como tal; e, por outro lado – argumentavam – mais nenhuma organização política o fazia! 

O Coletivo Marxista faz parte do movimento popular. Não somos uma organização de massas, mas procuramos intervir nos protestos e movimentos sociais, no associativismo militante e sindical. Contribuímos na divulgação e participação, por vezes também na organização das manifestações, greves e ações de luta, tanto quanto as nossas forças o permitem.  

Porém, fazemo-lo não a título individual, mas como organização política que agrupa revolucionários que desejam e lutam pela mudança radical da nossa sociedade, pelo triunfo da nossa classe. Para tanto, exige-se não apenas a mobilização, mas também a elevação da consciência da juventude e dos trabalhadores para as tarefas e objetivos do movimento operário.  

É sob esse prisma e com essa intenção que aportamos ao movimento as ideias do comunismo revolucionário. E haverá melhor momento para que todas as correntes de pensamento, todas as organizações da nossa classe, possam expor e debater as suas ideias e propostas do que no calor da própria luta?  Onde se devem distribuir panfletos políticos? Na praia ou na manifestação? À porta do cinema ou junto ao piquete de greve?  

Mas se procuramos elevar o grau de consciência política dos manifestantes… é óbvio que não o iremos fazer anonimamente. O nosso panfleto foi assinado: Coletivo Marxista. Poderia ser de outra forma? De igual modo, a nossa faixa que levámos no fim do cortejo (atrás de nós apenas estava a polícia!) também estava identificada. Felizmente, o “serviço da Ordem” desistiu de nos expulsar da manifestação pela solidariedade recebida por outros estudantes, nomeadamente, os camaradas da Greve Climática Estudantil, também eles assediados mais à frente, tal como um núcleo de estudantes pró Palestina! 

E os verdadeiros “donos” da manifestação, isto é, os estudantes mobilizados para o protesto, não se sentiram “divididos”, perturbados ou ameaçados pela nossa intervenção. Pelo contrário, fomos muito bem recebidos. Aos primeiros três panfletos distribuídos pudemos até escutar: “Olha, fixe: os comunistas chegaram”! 

Cabe lamentar que as demais organizações políticas de esquerda se demitam de intervir no movimento afirmando publicamente as suas posições. Muito gostaríamos nós, por exemplo, que a Juventude Comunista Portuguesa ou os Jovens do Bloco decidissem distribuir os seus panfletos, trouxessem as suas bandeiras e faixas para esta manifestação (ou outra qualquer), defendendo as suas políticas e contribuindo para o debate sobre os métodos, as táticas e o programa do movimento estudantil, tantas vezes manietado por Associações de Estudantes ou Academias controladas pela direita… 

E com isto chegámos ao último ponto: lamentavelmente, na véspera da celebração dos 50 anos do 25 de Abril, este “serviço da Ordem” (nas redes sociais muitos acusam serem militantes da JCP) e, por detrás dele, as associações académicas que o constituíram, mostravam-se mais preocupados em proibir a distribuição de panfletos, o cântico de palavras-de-ordem ou a censurar o debate político, do que com o facto que uma manifestação nacional de estudantes consiga reunir tão só uns 1500 alunos de todo o país!  

https://twitter.com/anamirxnda/status/1770870734392266866

Num momento de enorme crise social, em face do crescimento da extrema-direita e das políticas do próximo governo AD que se advinham, deveriam ser essas, sim, as preocupações dos dirigentes estudantis. A que distância estamos nós das grandes mobilizações dos anos 90, quando o movimento estudantil enterrou a Prova Geral de Acesso à universidade, bloqueou por anos a introdução das propinas e fez cair ministro, atrás de ministro?  

Esta é a força que o movimento estudantil tem de recuperar! Mas não podemos apenas repetir as mobilizações massivas dos anos 90 porque, no final do dia, as propinas foram introduzidas e o ensino mercantilizado. Precisamos também de discutir entre nós que caminhos devemos trilhar, que métodos devemos usar e que ideias devemos abraçar para que, finalmente, possamos vencer: acabando com as propinas e a especulação imobiliária, derrubando o capitalismo e cumprindo Abril. 

Escusam de policiar e intimidar: nós, no Coletivo Marxista, não desistimos de fazer esse debate político e de trazer ao movimento as ideias do comunismo revolucionário. 

REPRODUZIMOS O TEXTO DO NOSSO PANFLETO

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