Num ato de profunda hipocrisia, o ministro dos negócios estrangeiros Paulo Rangel, que se recusa a reconhecer o Estado da Palestina, que negou o caráter genocida da guerra que Israel tem movido contra Gaza ou que até agora se recusou a comentar e criticar os planos de Trump para uma limpeza étnica em Gaza, foi em visita de Estado a Israel para ser recebido por um governo presidido por Netanyahu que -recorde-se!- é acusado de ser um criminoso de guerra e tem um mandado internacional de captura.
À chegada não faltaram as cínicas palavras de circunstância do mister diplomático como afirmar que “o direito humanitário é válido para toda a gente”, enquanto o Estado português faz negócios de fornecimento militar por Israel, empresas portuguesas vendem armamento ao exército israelita ou barcos com bandeira portuguesa transportam as armas da matança.
Para Paulo Rangel é “essencial manter o cessar-fogo”, mas não acabar com o cerco a Gaza, a ocupação da Cisjordânia, o regresso dos milhões de refugiados que se encontram nos países vizinhos ou garantir ao povo Palestiniano o direito à autodeterminação.
Por detrás das palavras melífluas e das pias declarações (e dos ruidosos silêncios!), o que se esconde é o desejo dos imperialistas para que se regresse à “paz” podre que existia antes do 7 de Outubro, com Gaza cercada, a Cisjordânia ocupada e a população palestiniana explorada, oprimida e humilhada, sujeita a um regime de apartheid. Uma paz podre que garanta a necessária tranquilidade para que prossiga o roubo aos palestinianos da água, das terras e das reservas de gás recentemente descobertas, para lucro e proveito dos capitalistas sionistas e dos seus aliados ocidentais.
É por tudo isto que nós comunistas revolucionários não nos contentamos em exigir um cessar-fogo. Este será apenas pausa na guerra permanente que o Estado colonial de Israel move contra o povo da Palestina. Para nós o direito à autodeterminação do povo palestiniano só pode ser alcançado pela luta revolucionária dos palestinianos e dos jovens e trabalhadores que, por todo o Médio Oriente, são oprimidos por emires e imãs, pelas burguesias locais e pelas potências imperialistas. Só uma revoluçâo proletária que cruze as fronteiras artificiais criadas no Médio Oriente será capaz de expulsar os imperialistas, derrotar o Estado de Israel, reconhecer o direito à autodeterminação de palestinianos ou curdos, superar diferenças culturais ou religiosas, emancipar a mulher trabalhadora e fundamentalmente colocando os imensos recursos da região ao serviço do progresso e bem-estar dos trabalhadores e de todas as camadas oprimidas
Só com o derrube do capitalismo, só com expulsão dos imperialistas, só com a revolução proletária será possível ultrapassar diferenças nacionais ou religiosas, derrotando o Estado de Israel.