Participação massiva na manifestação do sábado! Justiça para Odair!

Passaram quatro dias do assassinato de Odair Moniz e a revolta dos bairros da área metropolitana de Lisboa continua, apesar dos esforços do Estado por “repor a ordem pública”. É tal o justo sentimento de raiva destes bairros, fartos dos abusos policiais e do seu total abandono.

Mas qual é essa “ordem” que o Estado defende? A pobreza destes bairros não é consequência da sua simples “marginalização”. Eles jogam um papel chave no capitalismo português, fornecendo-o de mão de obra barata, para limpar os escritórios e hotéis, para cozinhar nos restaurantes, para repor as prateleiras dos supermercados, para subir aos andaimes, para arcar, em definitivo, com os empregos mais cansativos e mais mal remunerados. A PSP fica encarregue de defender esta “ordem” capitalista. É por isso que, na última análise, é irreformável, porque a sua função está ligada à defesa de uma “ordem” exploradora e inumana.

Por sua parte, os partidos de esquerda, o PCP e o BE, assobiam para o lado. Ambos exigem apurar responsabilidades pela morte de Odair, mas condenam os “tumultos”. O que eles esquecem é que se não fosse pelos “tumultos”, a morte de Odair teria sido ignorada, como já aconteceu tantas vezes. Voltar à calma para poder apurar responsabilidades é precisamente a fórmula para a impunidade: sem a pressão das ruas nada será feito, e a justiça burguesa aceitará a versão da PSP. Ao mesmo tempo, estes dois partidos sublinharam os problemas sociais subjacentes aos protestos, colocando algumas reivindicações justas, mas que ficam aquém do que seria necessário, que é uma denúncia do capitalismo que se alimenta da miséria destes bairros. Certamente, a queima de lixo ou autocarros, que já causaram situações trágicas como o ferimento de um motorista da carris, não é o método de luta mais “construtivo”. Mas é o único método que estes jovens têm, acurralados pelo Estado e abandonados pela esquerda. O PCP e BE deveriam dar ao movimento um caráter mais organizado e explicar a justeza desta luta.

Por nossa parte, nós, comunistas revolucionários, reiteramos a nossa solidariedade com a revolta e chamamos à participação massiva na manifestação do sábado. Sem justiça não há paz! Justiça para Odair!

Spread the love

About Arturo Rodriguez (Colectivo marxista)

Check Also

“É preciso mudar tudo para que tudo fique na mesma” 

Editorial do último número do Revolução Esta imortal citação do escritor Tomásio de Lampedusa caracteriza …

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial