Só a classe trabalhadora unida pode acabar com a opressão! 

A 31 de Março celebra-se o Dia Internacional da Visibilidade Trans, estão agendadas marchas para Lisboa e Porto neste fim de semana e é importante a mais ampla participação.  

Por si só, as pessoas trans constituem uma pequena parcela da população. Dados de 2023 indicam que no ano passado 529 pessoas mudaram de género e de nome no registo civil, num total de 2653 pedidos desde 2011.  Estes números mostram por que a solidariedade de classe é fundamental para combater a opressão trans. Tomadas como um segmento isolado, as pessoas trans constituem uma pequena minoria. Mas, como parte do proletariado, os trabalhadores trans estão entre as fileiras de uma imensa força social com o poder de transformar a sociedade.  

Não endeusamos a classe trabalhadora, pois em períodos de apatia na luta de classes, ela é capaz de se revelar bastante conservadora, refletindo os preconceitos da sociedade. Por outro lado, na época de crise senil do capitalismo em que vivemos, a burguesia (em especial os seus políticos populistas) não hesita em lançar os penúltimos contra os últimos, espicaçando a intolerância e a discriminação de modo a dividir os trabalhadores e desviar as atenções das verdadeiras razões da crise do sistema.  

Contudo, a força e o potencial revolucionário da classe trabalhadora provém de duas fontes: o seu papel crítico na produção e criação toda a riqueza – e, portanto, de todos os lucros capitalistas – e a sua superioridade numérica como a esmagadora maioria da população. 

Embora haja um número minúsculo de “elites” transgénero ricas, em geral a luta trans é uma luta pela sobrevivência contra a brutalidade da vida sob o capitalismo. Como o têm demonstrado vários estudos, as pessoas trans têm de bater-se, ainda mais, por reivindicações básicas como acesso à saúde, habitação, emprego e esta é a chave para se conectarem com a maré crescente da luta de classes. 

Em pesquisas conduzidas (já em 2015) pela United States Transgender Survey  68% dos trabalhadores trans disseram que seus colegas de trabalho eram solidários, enquanto apenas 3% relataram não ter apoio dos colegas de trabalho e outros 29% relataram uma atitude indiferente. O respeito mútuo entre trabalhadores de todas as origens e identidades pode crescer organicamente a partir da experiência diária de trabalhar e lutar lado a lado. É na experiência da luta coletiva que se forja a verdadeira solidariedade de classe.  

A sociedade de classes produziu muitos horrores ao longo da história. Embora a opressão seja vivida de diferentes maneiras pelos indivíduos, a chave para acabar com ela é a luta coletiva, como classe. A luta contra a transfobia, tal como a luta contra o racismo e o sexismo, só pode avançar através da organização independente da classe trabalhadora, unida pelo lema “Um ataque a um é um ataque a todes”. 

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