Daqui a um mês, nos dias 10-15 de junho, centenas de comunistas vindos de todos os continentes se reunirão na Itália, em uma importante conferência da Tendência Marxista Internacional onde será lançada uma nova Internacional Comunista Revolucionária. Esta iniciativa é uma resposta à radicalização de milhões de jovens e trabalhadores em todos os países como consequência do aprofundamento da crise do sistema capitalista, que só oferece guerra, sofrimento, destruição ambiental e injustiça às novas gerações. Nestas condições, é preciso alçar a bandeira do comunismo revolucionário e internacionalista, as bandeiras de Marx e Lenine!
Qualquer pessoa interessada pode se inscrever para acompanhar o evento online, aberto a camaradas de todo o mundo, incluindo àqueles que pertencem a diferentes organizações e tendências. Em Portugal, além da delegação portuguesa que irá à Itália, vários camaradas de Lisboa e outras cidades se reunirão para acompanhar o evento coletivamente.
Nós, a agrupação portuguesa da Tendência Marxista Internacional, o Coletivo Marxista, queremos fazer um convite particular à militância revolucionária do Partido Comunista Português para que assistam a conferência e se impliquem no esforço de regenerar o movimento comunista mundial sobre bases verdadeiramente internacionalistas.
Camaradas: o comunismo não é internacionalista por motivos sentimentais. O internacionalismo não é uma festa nem é retórica vazia. Somos internacionalistas porque, como já explicaram Marx e Engels no Manifesto Comunista, o capitalismo unificou o mercado mundial, integrou todos os países numa só divisão internacional do trabalho, e criou uma classe social, o proletariado, cuja atividade tem um caráter inerentemente mundial e cujos interesses fundamentais são os mesmos em todos os países: o derrube do capitalismo, a socialização dos meios de produção e a planificação democrática da economia a escala mundial. Os comunistas, como já sublinharam Marx e Engels, «nas diversas lutas nacionais dos proletários acentuam e fazem valer os interesses comuns, independentes da nacionalidade, do proletariado todo».
Isolado num só país, submetido às pressões do mercado mundial, o socialismo só pode degenerar e abrir a porta à restauração capitalista, como mostrou, entre outros exemplos, a experiência da URSS. Os comunistas sempre se têm organizado internacionalmente – não em «plataformas» laxas, «encontros» ou em «fóruns» de debate, mas em Internacionais operárias, no partido internacional da classe trabalhadora. Esse foi o sentido da Associação Internacional dos Trabalhadores de Marx e Engels nos anos 1860-1870, da Segunda Internacional no início do século XX, e da Internacional Comunista de Lenine após a Primeira Guerra Mundial. É preciso lembrar que a Internacional Comunista foi criada como consequência da traição social-chauvinista dos partidos socialistas em 1914, que apoiaram os seus governos durante a guerra imperialista.
Infelizmente, muitos partidos comunistas, influenciados pela teoria estalinista do «socialismo em um único país», acabaram por adotar perspetivas estreitamente nacionalistas, que, por sua vez, foram sempre um prelúdio à reconciliação com a «burguesia nacional», ao apelo interclassista aos «interesses nacionais» e, em, em definitivo, à sua corrução reformista. Esta quebra com o internacionalismo destrói a unidade mundial do movimento operário, como se tem verificado nos últimos anos, nas inúmeras polémicas e cisões das agrupações internacionais dos partidos comunistas, sobretudo após o início da Guerra da Ucrânia, quando os «comunistas» russos apoiaram o seu governo enquanto alguns partidos europeus, como o francês, alinharam com o imperialismo ocidental.
Já temos alertado que a liderança do PCP há tempos que está a deslizar nesta direção nacionalista e reformista, agitando pela «soberania» e os «interesses nacionais» do Portugal capitalista, e abandonado a crítica revolucionária ao imperialismo para adotar uma política pacifista de apelos à ONU e outras músicas parecidas! Camaradas, o PCP foi criado em 1921 como a secção portuguesa da Internacional Comunista de Lenine, para declarar a guerra de classes a todos os capitalistas e imperialistas de Portugal e do mundo, sobre a base da união do operariado mundial pelo derrube do sistema em todos os países. Na nossa época de crise, violência e decomposição do sistema, é preciso retornar aos princípios do nosso movimento. Esse é o sentido do lançamento da Internacional Comunista Revolucionária. Estudem o seu manifesto e participem da sua conferência fundacional. Entabulemos um debate fraterno sobre o futuro do comunismo em Portugal, e lutemos juntos pela revolução socialista mundial!