Flyer do Coletivo Marxista
distribuído na manif da Vida Justa de 20 de Outubro
Não é preciso explicar a gravidade da crise. A grande maioria sente-a todos os dias: o aumento dos juros e rendas, a falta de habitação, a precariedade laboral, a crise do custo de vida, afetam milhões de pessoas. Os limitados ganhos da “Geringonça” esfumaram-se. A isto somam-se as alterações climáticas que passaram de ameaça abstrata para perigo imediato. O governo do PS é incapaz de resolver nada, porque nem quer nem pode ir à raiz do problema: a grande propriedade capitalista.
Neste contexto, o país tem sido abalado por inúmeras lutas nos últimos dois anos: greves e mobilizações sindicais, marchas pela vida justa, 8 de Março, protestos pelo clima ou as lutas pela habitação. Porem, o governo tem podido contorná-las devido ao seu isolamento. Se os movimentos continuarem fragmentados, espalhar-se-á o cansaço e a desagregação. A tarefa imediata é unificar as lutas, impulsionando um processo de assembleias unitárias, que elaborem um programa de transformação social e um plano de luta orientados à classe trabalhadora. Os trabalhadores têm as alavancas da economia nas mãos, são eles quem tudo produzem e quem geram os lucros dos capitalistas; se os trabalhadores pararem, para o país. O objetivo a médio prazo deve ser uma greve geral que imponha ao governo e à burguesia as reivindicações mais prementes do povo.
Todavia, a solução definitiva dos problemas da nossa classe entra em contradição com o sistema capitalista. Os burgueses negam-nos uma vida justa no altar dos seus interesses. Devem ser expropriados. O capitalismo tem de ser derrubado. A riqueza deve ser gerida pelos trabalhadores, por quem produz, no interesse da maioria e da sustentabilidade ambiental.
Há cinquenta anos, os nossos pais e avós fizeram uma grande revolução que derrubou o fascismo. A derrota da revolução após o 25 de novembro, porém, supôs que o capitalismo sobrevivesse: a riqueza mantém-se nas mãos dum punhado de parasitas, enquanto o Estado, agora com métodos mais “humanos”, sem PIDE ou Tarrafal, continua a defender os privilégios dessa minoria privilegiada. A revolução ficou inacabada. Cabe às novas gerações derrubar o capitalismo para cumprir abril.