Apontamentos do artigo de Alan Woods: “Biden fans the flames of war”
A cínica política do imperialismo americano
É tudo bastante claro. No fundo, esta não é uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia. É uma guerra por procuração entre a Rússia e os estados Unidos. Coisas como “democracia”, “direitos humanos” e “soberania nacional” não entram minimamente nas considerações e interesses dos imperialistas, exceto como propaganda barata. Mas eles estão bastante interessados em prolongar a guerra, independentemente de todo o sofrimento humano, dado que esperam que a guerra lhes sirva para enfraquecer a Rússia.
Ao contrário dos hipócritas imperialistas, a classe trabalhadora do Ocidente tem uma genuína simpatia pelo terrível sofrimento de milhões de ucranianos. São doados apoio financeiro, roupa e comida para ajudar as vítimas e os refugiados da guerra.
Mas uma coisa é expressarmos solidariedade com as vítimas da guerra. E outra coisa bem diferente é auxiliarmos direta ou indiretamente a cínica política imperialista, que está a explorar a miséria de milhões de homens, mulheres e crianças, deliberadamente prolongando a guerra em função dos seus interesses egoístas.
Autodeterminação?
O elemento-chave dos “pacifistas” que fazem a apologia da guerra é que nós devemos defender a soberania da Ucrânia, o mesmo é dizer, o seu direito à autodeterminação. Como essa é a principal justificação para apoiar a Ucrânia na presente guerra, trataremos dela primeiro.
O assunto é apresentado da seguinte maneira: o povo ucraniano tem o direito à autodeterminação. A Ucrânia é um estado soberano. A sua soberania foi violada pela brutal invasão do seu poderoso e agressivo vizinho. Temos, por isso, que ficar do lado da vítima contra o agressor.
A questão é colocada como “ou preto ou branco”. E é ainda reforçada com as repetidas referências aos alegados crimes de guerra e demais atrocidades perpetrados pelos russos. Mas para Marx, Engels e Lenine, a questão nacional nunca foi uma panaceia – uma espécie de cheque-em-branco que pudesse ser descontado por qualquer um, em qualquer circunstância.
Qual é a postura Marxista perante a autodeterminação? Os escritos de Lenin lidam com esta importante questão em grande detalhe, e continuam a providenciar-nos uma sólida base para abordarmos este complexo problema.
Os argumentos de Lenin são geralmente conhecidos. Mas como Hegel uma vez disse “o que é conhecido não é necessariamente compreendido”. De facto, as mais conhecidas teses são muitas vezes mal-interpretadas pelo facto de, sendo tão familiares, acaba o seu conteúdo sendo totalmente negligenciado.
Tal como Hegel apontava e Lenin amiúde citava: “a verdade é sempre concreta”.
O primeiro erro é imaginarmos que devemos defender a autodeterminação em todas as circunstâncias, como um princípio fixo e imutável. Mas tal conceção não tem nada que ver com o Marxismo e comete erros fundamentais. O direito das nações à autodeterminação é uma demanda democrática e os marxistas apoiam-na, tal como defendemos todas as demais reivindicações democráticas. Mas o apoio às reivindicações democráticas, nunca foram consideradas pelos marxistas como uma espécie de Imperativo Categórico.
As reivindicações democráticas estão sempre subordinadas ao interesse geral da classe trabalhadora e da luta pelo socialismo. É sempre necessário avaliar as condições concretas e aprender a distinguir entre o que é progressivo e reacionário num dado momento.
Progressista ou reacionário?
A questão nacional pode ter tanto um carácter progressista como reacionário, dependendo das circunstâncias concretas, do contexto internacional e das implicações que tem para consciência de classe dos trabalhadores e para as relações entre as classes.
Todos estes concretos fatores têm de ser levados em consideração antes de podermos tomar uma posição em relação a uma luta nacional em particular. Tais lutas podem, claro, jogar um papel progressista, como foram o caso das lutas dos povos polaco e irlandês pela sua independência no século XIX, ou mais recentemente as lutas pela independência nas colónias de África e Ásia.
Mas nem todas as lutas nacionais têm um carácter progressista e, muito frequentemente, a questão nacional pode ser usada como uma capa para os mais reacionários propósitos.
Em contraste com Proudhon, Marx e Engels deram a devida consideração à questão nacional. Contudo, sempre a consideraram subordinada à “questão operária”. Isto é, eles sempre consideraram-na exclusivamente do ponto de vista da classe trabalhadora e da revolução socialista.
Assim, enquanto deram apoio à luta do povo polaco pela sua independência, dado que a mesma desferiria um golpe contra o Czarismo russo, o principal baluarte da reação europeia; Marx e Engels recusaram-se a apoiar a luta dos “eslavos do Sul” e dos checos, precisamente porque viam por detrás a mão de São Petersburgo (então capital russa). Tal como Marx, Lenin teve uma posição flexível sobre a questão nacional, que ele sempre abordava do ponto de vista geral dos interesses do proletariado e da revolução internacional.
Lenin sobre a guerra e a questão nacional
Os escritos de Lenin sobre a “questão nacional” desenvolveram os princípios básicos delineados por Marx nesta matéria, que foram por ele tratados dum modo dialético e multiangular. E, todavia, mesmo o simples relance pela literatura dos grupos e seitas que se reclamam da herança de Lenin é suficiente para nos convencermos que ninguém o lê e, se leem os seus artigos, não compreendem uma simples ideia dos mesmos.
A dialética, como Lenin explicou muitas vezes, aborda os fenómenos de todos os ângulos. Abstrair um simples elemento duma equação complexa e contrapô-lo a todos os demais elementos nessa equação, é uma infantil utilização da dialética, conhecido na história da filosofia como “sofismo”.
Tais abusos condizem a erros crassos no domínio da Lógica. E na política, e particularmente na política da questão nacional, conduzem diretamente à defesa de posições reacionárias e ao completo abandono do socialismo.
Isto é demonstrado claramente pela guerra na Ucrânia. Aqui vemos como o falhanço completo dos pseudo-marxistas em compreender a atitude marxista em relação à guerra levou-os ao completo abandono das posições de classe.
Mas a atitude dos marxistas em relação à guerra não pode ser determinada por considerações sentimentais, muito menos pela histérica propaganda com que os imperialistas tentam esconder os seus reais propósitos.
Há um caso específico em que Lenin torna claro que não se apoia o direito das nações à autodeterminação: ele considerava o apoio à autodeterminação (mesmo que fosse justificada) uma monstruosa sugestão se isso significasse arrastar os grandes poderes para uma guerra.
Em 1916, ele recomendou aos polacos que subordinassem a sua luta pela autodeterminação à perspetiva da revolução na Rússia e na Alemanha:
“Levantar hoje a questão da independência da Polónia -escreveu – “sob as atuais relações existentes entre os vizinhos poderes imperialistas, é realmente perseguir uma utopia, descer a uma estreita mentalidade nacionalista e esquecer que a necessária premissa é a revolução europeia, ou pelo menos as revoluções russa e alemã.”
Terá esse conselho soado abstrato e utópico para muita gente nessa época? Sem dúvida! Mas a historia mostrou que Lenin estava 100% correto. Foi apenas a revolução russa que criou as condições para o estabelecimento dum estado polaco independente, enquanto todas as demais tentativas tinham acabado em desastre.
Da mesma forma, em relação à luta dos sérvios contra a Áustria-Hungria durante a Primeira Guerra Mundial, Lenin escreveu o seguinte:
“Na presente Guerra o elemento nacional está representado apenas pela guerra da Sérvia conta a Áustria (a qual, a propósito, foi referenciada na resolução da conferência de Berna do nosso Partido). É apenas na Sérvia e entre os sérvios que podemos encontrar um movimento de libertação perene que envolve milhões, «as massas do povo», um movimento para o qual a atual guerra entre a Sérvia e a Áustria é a «continuação».
Se esta guerra fosse uma guerra isolada, isto é, se não estivesse conectada com a grande guerra europeia, com os egoístas e predadores objetivos da Inglaterra, Rússia, etc., seria o dever de todos os socialistas desejarem o sucesso da burguesia sérvia (…)
Contudo, a dialética marxista, como última palavra do método científico, exclui qualquer exame isolado dum objeto, isto é: parcial e monstruosamente distorcido. O elemento nacional na guerra entre sérvios e austríacos não é, e não pode ser, de qualquer sério significado na guerra geral europeia. Se a Alemanha vencer, irá abocanhar a Bélgica, mais uma parte da Polónia, talvez da França, etc. Se a Rússia ganhar irá arrebanhar a Galícia, mais uma parte da Polónia, Arménia, etc. Se a guerra acabar num “empate”, a velha opressão nacional permanecerá. Para a Sérvia, isto é, para 1% dos participantes na presente guerra, a guerra é a “continuação da política” do movimento burguês de libertação. Para os outros 99%, a guerra é a continuação da política do imperialismo, i.e., da decrepitude capitalista, que é apenas capaz de pilhar nações, não libertá-las. A Triple Entente que está a “libertar” a Sérvia, está a vender os interesses da liberdade sérvia ao imperialismo italiano, em troca da ajuda deste último para roubar a Áustria.”
Isto é bastante claro. Se tomássemos a luta do povo sérvio pela sua autodeterminação contra o império austro-húngaro isoladamente do contexto internacional, teríamos de apoiar os sérvios. Mas no contexto duma guerra europeia, que se reduz à luta entre grupos de ladrões imperialistas, e na qual pequenas nações se tornam meramente nos peões descartáveis deste ou daquele imperialismo, nós não poderemos dar apoio.
Em particular, devemo-nos lembrar do que disse Lenin sobre a inadmissibilidade de apoiar qualquer luta de autodeterminação que significasse arrastar os trabalhadores da Europa para uma guerra geral.
E no momento presente da história, em que medida a extensão do conflito ucraniano para uma confrontação europeia, ou até guerra mundial, poderia servir os interesses dos trabalhadores europeus ou da revolução socialista mundial? Deixamos aos leitores que concluam – A verdade é sempre concreta.
Apoiamos a autodeterminação da Ucrânia?
Se apoiamos a autodeterminação da Ucrânia? Claro que sim! Terão os ucranianos o direito de decidir o seu futuro como um Estado independente? Respondemos inequivocamente: sim, têm esse direito. Os ucranianos demonstraram ao longo do tempo o direito a existirem como como um Estado independente.
Mas isso não esgota o assunto. Coloquemos outra questão: têm os ucranianos o direito de oprimir outros povos e nacionalidades que vivam no seu território nacional? Por exemplo, têm o direito de impor leis discriminatórias contra a população que na Ucrânia fala o russo como sua língua materna? A essa questão respondemos negativamente de forma igualmente enfática.
Devemos recordar-nos que uma das primeiras medidas adotadas pelo regime nacionalista ucraniano que chegou ao poder através do golpe Maidan foi impor todo o género de leis e medidas discriminatórias dirigidas contra as populações russófonas. Foi isso mais do que qualquer outra coisa que levou à insurreição do Donbass e ao separatismo nas duas regiões rebeldes do Leste do país.
O rápido crescimento do fascismo e dos movimentos nacionalistas ucranianos também causaram alarme na Crimeia, cuja maioria dos habitantes são de origem e cultura russa e sem grande afinidade com a Ucrânia. Isso também conduziu à separação da Crimeia que, não obstante toda a propaganda acerca da anexação russa, foi apoiada pela vasta maioria dos seus habitantes e subsequentemente aprovada em referendo.
Assim, a vitória do nacionalismo na Ucrânia teve como efeito imediato a perda de parte significativa do seu território. Mais tarde tentaram recuperar as regiões separatistas do Leste numa feroz campanha de bombardeamentos que matou milhares de pessoas. Este facto tem sido há muito ignorado ou desvalorizado pelos média ocidentais, mas jogou um papel significativo na detonação da presente invasão.
Uma luta de forças vivas
É difícil prever como a guerra irá prosseguir. As efetivas informações militares nos média são muito escassas, ao ponto de serem quase inexistentes. Também por isso as constantes previsões de derrotas russas devem ser encaradas com cautela. Os recentes envios de armamento poderão proporcionar algum alento a Kiev, mas dificilmente conseguirão contestar a superioridade das forças russas que agora se concentram no Donbass. As perspetivas para as forças ucranianas aí não são muito brilhantes.
Mas a guerra é uma luta de forças vivas e a Rússia poderá enfrentar ainda mais sérias dificuldades. A guerra nunca é uma simples questão e diversos elementos poderão ainda complicar o atual cenário. Putin poderá ter de se contentar com a conquista do Donbass e da linha costeira. Isso poderá vir a se apresentado como uma vitória, mas será sempre uma vitória “curta” e trará sempre consequências negativas para a classe trabalhadora de ambos os países.
Qualquer que seja o desfecho, qualquer que seja o “vencedor” um dano terrível terá sido desferido ao sentimento secular de irmandade entre os povos da Rússia e da Ucrânia. As mútuas desconfianças, azedume e suspeitas não serão fáceis de erradicar. E em terreno tão envenenado, os chauvinistas de ambos os lados poderão colher novas forças e tornarem-se ainda mais agressivos e arrogantes.
Estas são as razões por que nos opomos a esta guerra. Qualquer que seja o resultado final, o balanço do ponto de vista da classe trabalhadora e da revolução socialista será negativa. Todavia, toda a história demonstra que o nevoeiro da guerra eventualmente se dissipará. As questões de classe novamente tomarão o centro do palco, criando as condições favoráveis para a reemergência da luta de classes tanto na Rússia como na Ucrânia.
Podemos apoiar Zelensky?
A natureza reacionária do regime de Putin é bastante clara. Mas a natureza do regime ucraniano é sistematicamente ocultada pela máquina de propaganda. Os criminosos fascistas do Batalhão Azov, que Washington não há muito tempo colocou na lista de organizações terroristas, são agora apresentados como heroicos “freedom fighters”, defensores da democracia!
Quanto à dita democracia ucraniana: esta é mais aparente que real. Lembremo-nos que uma das razões para que a própria NATO adiasse a entrada da Ucrânia era por causa do seu “déficit democrático”!!
E a soberania ucraniana? Também isso é um mito. A guerra demonstrou claramente que o regime de Zelesnky é inteiramente dependente dos seus amos estrageiros. Os americanos pagam as contas e fornecem as armas com as quais esperam que os ucranianos lutem até à última gota do seu sangue na defesa dos interesses do imperialismo americano contra o seu inimigo, a Rússia. E quem paga as contas decide a política.
O atual regime de Kiev está totalmente à mercê do imperialismo americano. Malgrado toda a bazófia e discursos ousados, Zelensky não pode fazer nada e não pode decidir nada senão o que lhe é dito a partir de Washington. E Washington já decidiu que é melhor para a Ucrânia continuar a esvair-se em sangue de modo a enfraquecer o seu principal adversário, a Rússia. As vidas e sofrimento do povo ucraniano, simplesmente não entram nestes cálculos.
Está é uma luta pelo poder entre o imperialismo americano e a Rússia. Apenas um tonto ou um vendido poderão negar isso. Infelizmente há muita gente em ambas as categorias – especialmente no que se costumava chamar de “Esquerda”.
Vladimir Putin – o herdeiro de Estaline
Algumas pessoas naïves têm a ilusão que, de algum modo, Putin representa uma força progressista no mundo. Isto é o cúmulo da estupidez. É o atual Estado russo um Estado burguês? Claro que sim!
Rússia é agora um regime capitalista, dominado por uma oligarquia predadora que se tornou fabulosamente milionária apropriando-se da riqueza criada pela classe trabalhadora soviética. É governada por um gang de ladrões cujo único interesse é sugar o povo russo.
Após três décadas, nada restou do que era progressivo na antiga União Soviética. A riqueza e o trabalho do povo foram roubados por uma matilha de ladrões e à sua cabeça encontra-se um homem que encarna os piores aspetos do podre regime Czarista e do seu herdeiro estalinista.
Mas Estaline, em última análise, baseou-se nas históricas conquistas da Revolução de Outubro: as nacionalizações e a economia planificada. Mas esses vestígios do passado socialista foram há muito liquidados.
Será que Vladimir Putin representa os interesses da classe trabalhadora russa ou ucraniana? Nem no menor grau! Ele representa os interesses da corrupta e voraz oligarquia a quem ele providencia um ponto central de apoio e que, por sua vez, o mantêm no poder.
Dum regime tão corrompido, nada de progressista pode ser esperado. E a política externa é apenas reflexo das políticas domésticas. Isto tem de estar firmemente gravado na nossa mente quando analisamos a situação presente.
Recordemos as palavras de Lenin no seu conflito com Estaline, a quem ele associou a “esse homem Russo, esse grã-russo chauvinista, em substância um patife e um tirano, tal como o típico burocrata o é.” Estas palavras fornecem uma descrição bastante apurada do homem que agora se senta na secretária de Estaline no Kremlin.
Como é que Vladimir Putin se propõe a resolver a “questão ucraniana”? Pelos mesmo meios que usa para resolver qualquer problema: pela força bruta. Este antigo agente do KGB é, nesse sentido, um fiel discípulo de Estaline.
Se os trabalhadores russos estivessem no poder, toda a situação seria inteiramente diferente. Varrendo o domínio da corrupta e degenerada oligarquia e estabelecendo uma genuína democracia operária, a Rússia uma vez mais tornar-se-ia um farol, encorajando os trabalhadores da Ucrânia a derrubar o jugo dos seus próprios oligarcas e das suas marionetas políticas.
Mas o regime de Putin não tem qualquer poder de atração para o povo da Ucrânia. Pelo contrário, Putin está a empurrá-los para os braços do nacionalismo reacionário. Robespierre uma vez disse que “ninguém gosta de missionários que vêm com baionetas”. Ele disse-o quando a revolução francesa se encontrava ainda numa fase sadia e progressista. Mas tudo isso mudou sob Napoleão, cujo domínio opressivo provocou uma insurreição nacionalista por toda a Europa que jogou um papel na sua queda final.
Não há necessidade de aceitar as obviamente maliciosas acusações na vendida impressa Ocidental acerca dos alegados crimes de guerra russos. Tal como não devemos aceitar credulamente tudo o que a imprensa mentirosa diz sobre os alegados falhanços militares russos. Mas um regime bonapartista apenas pode conduzir a guerra dum modo bonapartista. Não é difícil de imaginar que uns quantos problemas na campanha militar russa se devam à corrupção endémica, nepotismo e ineficiência do regime.
Um verdadeiro Exército Vermelho combinaria a luta armada com um apelo à classe trabalhadora ucraniana. Mas há muitos poucos sinais disso. O que significa que os ucranianos continuarão a oferecer resistência. A guerra será desnecessariamente prolongada e sangrenta.
Por uma posição de classe!
Para nós a mais importante questão é: que classe e em nome de que interesses está a guerra a ser travada? Esta é a questão essencial que tem de ser respondida como condição primeira para se tomar uma posição de princípio de classe.
Afastarmo-nos um só milímetro da posição de classe é entrar num terreno pantanoso que nos conduzirá à traição e ao reacionarismo.
A nossa posição não tem nada em comum com a abjeta hipocrisia dos imperialistas. E por mais reacionário que Putin seja, os seus crimes são nada comparados com a infame brutalidade do imperialismo americano, cujas mãos estão para sempre manchadas com o sangue de incontáveis vítimas inocentes em todas as partes do globo.
No início do conflito escrevíamos:
“A tarefa de lutar contra o gang reacionário do Kremlin é a tarefa exclusiva dos trabalhadores russos. A nossa tarefa é lutar contra a nossa burguesia, conta a NATO e contra o imperialismo americano – a força mais contrarrevolucionária do planeta.”
Não há razões para mudar uma única palavra hoje.
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