O Colectivo Marxista condena a invasão da Ucrânia pela Rússia e a guerra que decorre nesse país. Mas fazêmo-lo pelas nossas próprias razões, que nada têm a ver com as razões hipócritas que movem o imperialismo ocidental e os seus representantes políticos.
Esta é uma guerra que opõe duas potências imperialistas com interesses diametralmente opostos aos do movimento socialista revolucionário. De um lado, a Rússia de Putin, que representa a máfia de oligarcas que controlam a economia desse país. Do outro, a coligação EUA/NATO/UE, a força mais reacionária à face do planeta e responsável pela grande maioria das guerras travadas após a Segunda Guerra Mundial. Putin fomenta o chauvinismo russo para justificar este ataque à Ucrânia. A NATO instrumentaliza a Ucrânia, promovendo o chauvinismo ucraniano na sua estratégia de confrontação com a Rússia e de expansão na Europa de Leste.
A classe trabalhadora não pode apoiar nenhum destes dois imperialismos, cujo objetivo é saquear a Ucrânia. A nossa posição contra a guerra é uma posição de classe internacionalista. Esta guerra vai criar fortes divisões e ódios nacionais. Mas o inimigo está em nossa casa e não no estrangeiro. A tarefa mais urgente da classe trabalhadora internacional é construir a coesão e solidariedade entre trabalhadores de diferentes nações. Para isso, é preciso rejeitar apelos cínicos à “união nacional” e combater de forma implacável o nosso inimigo doméstico: a classe capitalista e os seus representantes políticos.
O governo do PS chorou lágrimas de crocodilo pela violação da soberania da Ucrânia. Os partidos de direita associaram-se às condenações. Isto é uma hipocrisia tremenda, já que nas últimas décadas, tanto com governos do PS como da direita, Portugal participou nas guerras reacionárias que levaram à partição da Jugoslávia, bem como nas invasões do Afeganistão e do Iraque, enquanto parte da aliança da NATO. Não houve votos de condenação por essas guerras, nem lamentações pela violação da soberania desses países.
O Colectivo Marxista é contra o envio de mais armas para a Ucrânia, visto que tal apenas serve o propósito de prolongar esta guerra, causando mais vítimas civis, numa cínica estratégia propagandista da NATO contra a Rússia. É isto que tem acontecido desde 2014 na região de Donbas, onde já morreram 14 000 pessoas na guerra civil entre o exército ucraniano e os separatistas pró-russos em Donetsk e Luhansk, e onde as forças ucranianas, apoiadas com armas pela NATO, são responsáveis por 80% das vítimas civis.
Manifestamos a nossa solidariedade para com o PCP e repudiamos os ataques vis e a campanha de desinformação orquestrada contra o partido, que é propagada com a ajuda de uma comunicação social intelectualmente prostituída. Estes ataques são uma tentativa de tentar calar, por via da intimidação, todas as vozes dissonantes em relação ao papel desempenhado pela coligação EUA/NATO/UE.
Condenamos a capitulação aos interesses do imperialismo ocidental por parte do BE, que, apesar de alegar ter rejeitado alguns pontos, votou a favor da resolução do parlamento europeu que promove mais sanções económicas – cujo objetivo é estrangular a Rússia, castigando coletivamente a população desse país num ato de terrorismo económico – bem como um maior alargamento da NATO e o envio de armas à Ucrânia. A esquerda tem de se unir inequivocamente na rejeição do imperialismo e da guerra e na defesa da classe trabalhadora internacional!
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