Celebra-se mais um ano do 25 de Abril de 1974.
Os poderes instituídos preparam-se, mais uma vez, para a celebração ritualística, cheia de gestos e palavras vazias que repetem nesta data.
Este ano acresce a ridícula discussão sobre se se deve ou não celebrar, entenda-se repetir os discursos fátuos que cada ano o governo e a oposição fazem no parlamento, sendo que este ano calhou ao PS estar no governo e ao PSD e ao CDS estarem na oposição e noutros anos foi ao contrário sem que, por isso, os discursos tenham mudado muito.
A direita com toda a sua demagogia e hipocrisia protesta invocando as medidas de distanciamento social quando de facto a sua única preocupação é ir desgastando o PS no Governo e, como é evidente, apagar o mais possível a memória do 25 de Abril.
O PS que alternadamente com a direita e algumas vezes em conjunto com ela tem governado o país desde há mais de 45 anos aplicando, no fundamental, o mesmo programa de privatizações, cortes em todos os direitos sociais, esmagamento de salários e amplas liberdades e benesses para o capital, vai atabalhoadamente tirando as medidas da sala do plenário do parlamento e seus acessos para justificar reunir no mesmo espaço os “homens de Abril” com os do 25 de Novembro para celebrarem o seu 25 de Abril. Para eles o período entre o 25 de Abril/1 de Maio de 1974 e o 25 de Novembro de 1975, em que as massas irromperam na política, desmantelaram totalmente o aparelho de Estado da ditadura e se propuseram a tomar o destino nas suas mãos, esse período é para esquecer e alguma reminiscência que venha à tona é um autêntico pesadelo para esses senhores. Celebrar o 25 de Abril sim, mas, na perspectiva do 25 de Novembro que pôs fim “à loucura da revolução”, convidou os banqueiros a regressarem, privatizou tudo e instalou a ordem e a paz social. Por isso para esses senhores é perfeitamente natural o convite a Ramalho Eanes (chef e operacional do golpe de 25 de Novembro) e a Cavaco Silva um dos obreiros mais insignes da contra-revolução e mestre de cerimônias do regabofe dos banqueiros e dos “self-made men” dos negócios e do “empreendedorismo”. O 25 de Abril que merece ser comemorado nunca será o das cerimónias oficiais, mas, aquele que divulga, estuda e tira as lições da revolução portuguesa que se iniciou aproveitando o pronunciamento militar do 25 de Abril.
A crise actual mostra bem a incapacidade da sociedade capitalista de satisfazer as necessidades mais básicas da humanidade, bastaram 2 meses de uma pandemia (provocada pela incúria dos governos em todo o lado) para todo o mundo se encontrar à beira do abismo. No entanto o aparelho produtivo mantém-se intacto, toda a tecnologia e os meios humanos e científicos para a operarem continuam aí. A questão é que a sua operacionalidade depende da perspectiva que os seus proprietários (uma ínfima parte da sociedade) tenham de obter um benefício e isso, na conjuntura actua, é cada vez mais problemático, assim sendo a consequência, nesta sociedade, será desemprego em massa, miséria e sobre-exploração para pagar as montanhas de dívidas entretanto acumuladas. Está na hora dos trabalhadores tomarem nas suas mãos as rédeas da sociedade e colocarem todos os meios materiais, científicos e técnicos, frutos exclusivos do trabalho humano, ao serviço da humanidade.
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