Solidariedade com a revolta dos bairros! Sem justiça não há paz!

A morte de Odair Moniz às mãos da polícia tem provocado dois dias de protestos na periferia de Lisboa. A imprensa está cheia de notícias sobre “tumultos” e “vandalismo”. A Ministra dos Assuntos Internos fala de “distúrbios inadmissíveis que não permitem às populações fazer a sua vida normal”, enquanto a PSP avisa que “não tolerará os atos de destruição praticados por criminosos, dispostos a afrontar a autoridade do Estado e a perturbar a segurança da comunidade”.

Nós respondemos à PSP, à ministra e à imprensa que quem perturbou a “segurança da comunidade” foi a polícia, ao assassinar Odair. Pondo sal na ferida, entraram na casa do defunto interrompendo o luto da família. Este episódio não é um caso isolado; é mais um nome a acrescentar à longa lista de pessoas negras assassinadas pela polícia. Por sua vez, estas mortes são apenas a expressão mais extrema das inúmeras humilhações e arbitrariedades que a polícia comete diariamente na periferia das cidades portuguesas, que vivem num estado de exceção permanente. Para o capitalismo português, bairros como Zambujal e Cova da Moura são apenas contentores de mão de obra barata para explorar, e os seus moradores são tratados como cidadãos de segunda categoria a serem detidos, espancados ou até mortos quando se mexerem minimamente.

Perante esta situação, o único surpreendente tem sido a paciência e a contenção da juventude da Amadora! A sua revolta era totalmente previsível. Declaramos a nossa solidariedade com a sua luta e o seu direito à autodefesa perante as constantes agressões da polícia racista e classista, cuja impunidade é garantida pela justiça burguesa. Ora, se a sua revolta permanecer isolada, será criminalizada e esmagada. A esquerda e o movimento operário têm a responsabilidade de dar-lhe um caráter organizado e nacional, e explicar à classe trabalhadora, sobretudo aos trabalhadores brancos, que estes jovens estão a lutar por uma causa justa contra o inimigo comum: a exploração e a opressão capitalista, defendida pelo aparelho repressivo do Estado burguês, um aparelho que no futuro se voltará contra toda a classe trabalhadora.

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