Justiça para Odair Moniz! Sem justiça não há paz!

Na segunda-feira, a polícia assassinou Odair Moniz, trabalhador de origem cabo-verdiana, de 43 anos, cozinheiro e pai de três filhos, baleado com quatro tiros da PSP, dois dos quais o atingiram mortalmente. Segundo a versão policial, a única disponível até ao momento, Odair Moniz teria fugido à detenção do seu veículo, resistindo “com uma arma branca,” o que teria resultado na sua morte a tiro. Ontem à noite, houve protestos contra este ato de violência policial na Amadora. A nossa posição é clara: denunciamos a violência racista e de classe da PSP, estamos em total solidariedade com a juventude da Amadora e com os seus protestos e com a família e amigos de Odair. Os moradores da Amadora e de outros bairros pobres têm o direito de se defender das arbitrariedades e violências da polícia que, demasiadas vezes, são absolvidas pela justiça burguesa.

Independentemente da versão policial, da qual desconfiamos, é evidente que a detenção de uma viatura de uma pessoa rica e branca em Cascais ou nas Avenidas Novas nunca resultaria num assassinato a tiro. Odair não é um caso isolado: é mais um nome a acrescentar à lista onde já figuram os nomes de Kuku, Tony, Angoi, Tete, Corvo, etc. São episódios especialmente recorrentes na Amadora. Nos últimos oito anos, 13 pessoas foram mortas pela polícia. Os episódios de violência e arbitrariedade estão a tornar-se cada vez mais frequentes à medida que a crise do capitalismo se aprofunda. Não é segredo que a PSP está infiltrada pela extrema-direita, que constantemente alicia os seus membros, exacerbando o sentimento de impunidade – impunidade assente também na justiça burguesa. Neste caso, o polícia foi constituído arguido, mas este é um procedimento comum e o agente se mantém em funções. É uma óbvia manobra para tentar acalmar os ânimos.

Denunciamos também, e exigimos o fim das chamadas Zonas Urbanas Sensiveis, essa aberração jurídica cujos objetivos são a promoção de “acções regulares de policiamento reforçado, com recurso a meios especiais de polícia, e operações especiais de prevenção relativas a armas” mas cujo único resultado real são o aumento da violência sobre populações híper-exploradas e híper-oprimidas, criando autênticos regimes de excepção nestes territórios nos quais os seus habitantes são remetidos para a condição de cidadãos de segunda categoria e em que a polícia tem carta branca para actuar.

Este é mais um exemplo do verdadeiro caráter classista do Estado português: um aparelho repressivo que tem como objetivo manter a ordem capitalista exploradora, uma ordem particularmente odiosa para a classe trabalhadora negra, duplamente oprimida e explorada. A natureza de classe do Estado, clara para a juventude da periferia de Lisboa, tornar-se-á ainda mais evidente à medida que a luta de classes se intensificar. A nossa tarefa fundamental não é aperfeiçoar este regime corrupto, mas desmascará-lo e derrubá-lo através da revolução! Toda a esquerda e o movimento operário devem mobilizar-se para exigir justiça para Odair e o fim da impunidade policial.

Justiça para Odair! Basta de impunidade policial! Abaixo a polícia racista! Sem justiça não há paz! Portugal precisa de um novo Abril!

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About Arturo Rodriguez (Colectivo marxista)

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