O Colectivo Marxista expressa a sua firme solidariedade com a greve dos trabalhadores dos call centers em Portugal. A greve está em andamento desde 24 de março e continuará até pelo menos 5 de abril.
Em Portugal já existem 3544 casos confirmados de COViD-19 e 60 mortes, todo o trabalho não essencial deveria ter parado há muito tempo. O conselho das organizações de saúde e até do próprio governo diz que essa é uma medida necessária, não apenas para a segurança dos trabalhadores, mas, de suas famílias e do público em geral. Aparentemente é suposto ser uma condição do estado de emergência em que estamos.
Mas este tipo de trabalho não parou. Nas cidades, o trabalho de construção civil continua normalmente e grandes fábricas permanecem abertas para produção não essencial.
Enquanto isso, trabalhadores de setores essenciais, como os estivadores, trabalham em condições degradantes e inseguras sem provisões de segurança no local, horas de trabalho desumanas e demissões em massa impostas, como informou o sindicato SEAL.
Já basta! Temos que lutar e exigir que medidas reais de segurança sejam tomadas para todos os trabalhadores e suas famílias!
O sindicato dos trabalhadores dos call center (STCC) está a mostrar o caminho a seguir. Os call centers estão entre os locais de trabalho mais vulneráveis à propagação da infecção. Os trabalhadores têm pelo menos 50 pessoas na sala, amontoadas em mesas compartilhadas com equipamentos compartilhados e pouco espaço entre si, respirando o mesmo ar. Alguns relatos em primeira mão do trabalho nos call centers durante a pandemia de coronavírus podem ser encontrados aqui.
Em Itália um trabalhador de call center, de 34 anos de idade e sem histórico ou condições de doença conhecidas, morreu esta semana de coronavírus. Isto também poderá acontecer e de forma mais generalizada em Portugal se não forem tomadas medidas.
Na prática todo o trabalho realizado pelas agências de call center em áreas como o retalho de moda e tecnologia, solução de problemas digitais, hospitalidade, publicidade e entretenimento não é essencial.
Caso estes centros de atendimento interrompam o trabalho de forma alguma afetarão a segurança pública ou interromperão os serviços essenciais e as cadeias de abastecimento. Afetarão sim os lucros das empresas multinacionais de call center super exploradoras, a maioria das quais cobra comissão por cada chamada feita ou recebida pelos seus funcionários.
Também é importante notar que existe a tecnologia para que todo o trabalho de call center seja feito em teletrabalho. Alguns empregadores que já possuíam essa tecnologia antes da pandemia puderam utilizá-la sem compensar adequadamente seus funcionários pelos custos que esse trabalho terá nas contas domésticas da Internet e da eletricidade. Está claro que, as agências que não possuem essa tecnologia, uma vez que mesmo o pouco investimento necessário iria afetar os seus lucros preferem nem considerar essa opção. Mais uma vez, a saúde e a segurança dos trabalhadores significam pouco ou nada para essas pessoas.
Há duas semanas foi feito um ultimato aos patrões dos call center de que esta greve ocorreria se não fossem tomadas medidas para garantir a segurança dos trabalhadores. Os patrões não ofereceram nada, e a greve foi adiante.
Não basta dar solidariedade à luta corajosa dos trabalhadores dos call center!
Para fortalecer a sua causa e garantir que eles não percam os seus salários durante este período difícil, precisamos expandir a greve, tal como na Itália e noutros países já está acontecendo.
Todos os outros setores não essenciais devem seguir o exemplo!
Lutemos para e até que todos tenhamos segurança e garantia dos postos de trabalho e salários!
A vida e a saúde antes do lucro!