No início de janeiro saiu o primeiro número de Revolução, o jornal do Colectivo Marxista. Esta publicação tornar-se-á numa ferramenta importante para a difusão das ideias comunistas em Portugal.
Um jornal em 2024?
Numa época em que a maioria das organizações de esquerda têm abandonado as publicações em papel, nós, os comunistas da Tendência Marxista Internacional, consideramos que continua a ser necessária a edição de um jornal físico para a difusão das nossas ideias. As redes sociais e os sites são muito úteis e utilizamo-las ativamente, mas não podem substituir um jornal, por diferentes motivos.
Em primeiro lugar, a atividade online atinge principalmente os leitores mais convencidos e informados, que já estão à procura de ideias revolucionárias. Um jornal é uma grande arma de intervenção, com um caráter mais ativo, para levar às manifestações, aos piquetes e aos bairros operários, e que permite entabular um diálogo direto com muitas mais pessoas, incluindo gente afastada das redes sociais da esquerda. Pela própria estrutura do jornal, um só número também resume o nosso ponto de vista de uma maneira mais sintética do que o site: contém a nossa análise da situação em Portugal e internacionalmente, comentários sobre as principais lutas no país e materiais teóricos e históricos que expõem as nossas ideias básicas.
Em segundo lugar, as redes sociais não são uma plataforma livre e democrática: são propriedade de grandes capitalistas como Elon Musk ou Mark Zuckerberg, que aplicam a censura (às vezes sutil, mediante algoritmos) contra as ideias que ameaçam os seus interesses. A censura não é uma ameaça hipotética: temos sido alvo dela até nas democracias burguesas mais “avançadas”. Os nossos camaradas canadianos, por exemplo, foram bloqueados no Facebook após a aprovação de uma lei do governo federal para defender os grandes monopólios midiáticos. Não podemos depender de Musk ou Zuckerberg para a difusão das nossas ideias! Portanto, um jornal torna-se uma ferramenta necessária para contornar as tentativas de nos invisibilizar ou até de nos censurar.
Em terceiro lugar, como já disse o Lenin, o jornal não é só um “agitador coletivo”, mas também um “organizador coletivo”, é como os andaimes de um prédio em construção. À volta do jornal, estrutura-se a organização, debatendo o seu conteúdo, repartindo tarefas, elaborando e discutindo os artigos, e, sobretudo, levando-o à rua e usando-o para apresentar e defender as nossas ideias. É, em definitivo, um alicerce para uma organização bolchevique.
O primeiro Revolução
Nas suas 16 páginas, o Revolução é uma semente de ideias comunistas! Este primeiro número aborda um leque de questões que, esperamos, serão de grande interesse para os militantes de esquerda, os jovens e os trabalhadores.
Na véspera das eleições, o editorial trata as perspectivas eleitorais, explicando as dificuldades da esquerda após 8 anos de geringonça e de maioria absoluta do PS, que goraram as principais expectativas da sua base social no contexto de uma crise profunda do sistema, que tem praticamente eliminado o espaço para as políticas reformistas. Porém, consideramos que uma campanha revolucionária pelo PCP e o Bloco, que faça um balanço crítico da geringonça, poderia transformar a situação e travar o crescimento da direita e da extrema direita.
O artigo internacional denuncia a guerra genocida de Israel contra o povo palestiniano, e explica que as hipotéticas soluções da diplomacia burguesa, sobre o fim dos colonatos, os dois Estados, os acordos de Oslo, as resoluções da ONU, etc., são fantasias que o Estado israelita, racista e reacionário, jamais aceitará. O artigo reivindica uma intifada até a vitória, ou seja, um levante massivo do povo palestino e dos outros povos da região, que abalaria o Estado sionista e dividiria a sociedade israelita em linhas de classe. Esta perspectiva não é nenhuma utopia, mas parte da própria tradição revolucionária da Palestina, sobretudo durante a primeira intifada de 1987-1993, e do exemplo da primavera árabe.
O artigo teórico é dedicado a Lenin, no centenário da sua morte: esta peça usa a sua biografia como uma janela às principais ideias de Lenin, sobre o partido revolucionário, sobre o imperialismo, sobre a filosofia marxista, sobre a natureza da revolução russa, a sua luta contra Stalin antes de morrer, etc. A sua biografia está também ligada à própria história do movimento revolucionário russo, que o artigo também analiza.
Dedicamos também um artigo às mobilizações pelo clima em Portugal, onde nos debruçamos sobre os métodos do movimento e colocamos a necessidade de métodos de luta de massas, que liguem a defesa do planeta a um programa de transformação social. Outro grave problema ao que dedicamos dois artigos é a crise da habitação em Portugal. Um deles analisa o problema através de uma perspectiva marxista e apresenta a solução revolucionária que nós defendemos, e o outro denuncia a ameaça de despejo da Sirigaita, importante centro social de Lisboa que pode ser uma nova vítima dos especuladores.
Por último, tratamos brevemente as principais novidades da nossa organização, a Tendência Marxista Internacional, descrevendo as suas principais iniciativas nos últimos meses: a escola marxista pan-americana no México e a escola francófona de Genebra.
Em definitivo, por apenas um euro podes comprar um verdadeiro arsenal de ideias revolucionárias. Contactar-nos para obteres a tua cópia. Compra, discute e difunde Revolução, e ajuda a construir o movimento comunista em Portugal!